Ação Social
O cristão e a polícia
20/09/2023Cremos que a maior e permanente missão de todo cristão é a de, diariamente, ser um testemunho vivo do Poder, do Perdão e do Amor transformador do Evangelho de Jesus. "Somos uma carta, lida pelos homens", diz o Apóstolo Paulo em 2 Coríntios 3:2 ARC.
Na nossa profissão não poderia ser diferente. Vejamos algumas peculiaridades que compõem a realidade policial:
Uma das primeiras palavras que nos vem à mente, quando pensamos em Polícia, é: Força. O bom e legítimo uso desta prerrogativa, conferida pelo Estado ao policial, é um ponto-chave de nossa reflexão. No início do Evangelho, segundo o médico Lucas, temos uma palavra específica, dirigida pelo último dos profetas messiânicos, João Batista, a soldados que o questionam.
"E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal¹, nem defraudeis² e contentai-vos³ com o vosso soldo" (Lucas 3:14 ARC).
João Batista, interrogado por soldados romanos (que simbolizam o poder coercitivo do Estado naquela época), os orienta a darem bom testemunho através de três ações:
- Não tratar mal a ninguém, não se portar como superior, não fazendo mal uso de suas prerrogativas: autoridade, poder e força. O Evangelho traz em sua base humildade e empatia. Tal essência é fundamental também às autoridades cristas no uso de suas atribuições. "Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas" (Mateus 7:12 ARC).
- Não defraudar ninguém. Os soldados, há época, alinhados aos cobradores de impostos destinados a Roma, ameaçam e extorquiam o povo judeu, subjugados pelo império romano. Tal conduta é abominável à luz da Palavra, mau testemunho inaceitável para um crente em Jesus. A Palavra nos adverte sobre a má e descomedida ambição. "Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína" (1Timóteo 6:9 ARC).
- O Contentamento. O Reino de Deus é lugar de simplicidade e gratidão. "Em tudo dai graças" (1Tessalonicenses 5:18.). O mesmo Paulo, aos romanos, escreve: "Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos" (Romanos 12:16 ARC). Entender como vital o contentamento (nosso salário, condições de vida que Deus nos permite gozar etc.) é de enorme importância para a caminhada cristã. Não cobiçar, não querer o que não nos pertencente, muito menos tolerar o uso de meios escusos para obtenção de tais desejos.
O descontentamento lícito para o policial, e para todo servo de Jesus, é aquele contra o mundo, insatisfação com o pecado e o mal. "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2 ARC).
Assim faremos a diferença, não apenas nos abstendo do mal, mas, servindo, fazendo diferente e praticando o bem. O Evangelho não é sobre se isolar numa montanha sozinho (outras religiões pregam isto, Jesus nunca nos ensinou tal estratégia) apenas fugindo do pecado, mas é sobre odiar e combater o pecado em família, na coletividade, combatendo o mal com o bem.
"Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Romanos 12:21 ARC).
Isto nos ensina também o mestre Jesus no famoso sermão do monte, frisando a grande responsabilidade dos agentes do Reino de Deus nesta terra, num dos versículos que acredito muito bem resumir o Evangelho e seu estilo de vida diário (do policial e de todo cristão). "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus" (Mateus 5:16 ARC).
O objetivo final de toda ação que visa o Reino de Deus é a Glória do Pai, para que vendo nossas boas obras, nosso compromisso, dedicação, nossa postura frente a um mundo caído e perverso, notem, inescusavelmente, que há Deus, há uma esperança - um caminho estreito para a Vida, e glorifiquem ao Pai!
Sobre:
Gerson R. Castelo Branco é Capitão da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Ele, que tem pós-graduação em Políticas e Gestão em Segurança Pública, é cofundador da Operação Segurança Presente Barra da Tijuca/Segov. Atualmente o Capitão Gerson é o Coordenador de Segurança da PGE/RJ.