Saúde
Fluorose dentária e o uso consciente do flúor em crianças
21/10/2023A fluorose dentária é uma patologia que afeta os dentes e que se desenvolve durante a sua formação. Esta afeção é desencadeada pela presença em excesso de fluoreto (ou flúor), e manifesta-se ao nível do esmalte dentário na forma de manchas e/ou defeitos anatômicos.
Uso consciente em crianças
O uso do flúor tem promovido melhorias significativas na saúde bucal e na qualidade de vida das populações, através da redução dos índices de cárie dental. A fluoretação da água de abastecimento público representa uma das principais e mais importantes medidas de saúde pública, podendo ser considerada como o método de controle de cárie dentária mais efetivo, quando considerada a abrangência coletiva, pois atinge a população dos diversos segmentos sociais.
Existem, atualmente, inúmeras fontes de exposição ao uso tópico de flúor no ambiente doméstico e profissional: dentifrícios, soluções para bochecho, géis e vernizes. A estes métodos atribui-se um porcentual significativo de redução da cárie dental, mas comportam-se como fatores de risco à FLUOROSE em casos de deglutição, quando se constituem fontes sistêmicas da substância de alta concentração.
A FLUOROSE dental é vista como um defeito na formação do esmalte e da dentina, produzido pela ingestão crônica de quantidades excessivas de fluoreto ao longo do período de formação do dente. Dependendo da quantidade de flúor ingerido, vai se apresentar como leve, moderada e até severa. A condição mais comum é a fluorose leve, que apresenta manchas brancas, na condição mais grave apresenta manchas marrons podendo apresentar inclusive cavidade, dependerá da quantidade de flúor ingerido no período.
Existe tratamento para a fluorose?
Um dos procedimentos que podemos fazer é a micro-abrasão. Ele é menos invasivo e pode ser feito com um pequeno desgaste no esmalte comprometido. A camada fina de esmalte é retirada, trazendo harmonia ao sorriso em casos mais leves da fluorose. Os casos mais graves precisam ser tratados com próteses, resinas ou lentes de contatos, que poderá ser feito na fase adulta da vida. Mas, para não chegarmos a esses casos mais graves precisamos ir, semestralmente, ao dentista para colocarmos em prática as recomendações odontológicas.
Principais medidas odontológicas recomendadas, para diminuir a possibilidade da condição da fluorose, são:
- A redução da concentração de flúor em pastas infantis, além de acrescentar nas embalagens instruções e precauções sobre seu uso em crianças;
- A necessidade da supervisão dos pais no momento da escovação, de forma a controlar a quantidade utilizada (máximo um grão de ervilha) de pasta dental e evitar a deglutição;
- CONTRA-INDICAR o uso de soluções para bochechos em crianças menores de sete anos;
- Importante manter a visita regular de seis em seis meses ao dentista da criança, com tratamento profilático e fluoretação em ambiente de consultório sob supervisão profissional do cirurgião-dentista.
Lei federal 6.050/1974
Essa lei definiu, como obrigatória, a fluoretação das águas no Brasil. Contudo, a operacionalização ocorreu no ano seguinte, estabelecendo padrões para a operacionalização da medida através da Portaria número 635/1975. Esta suplementação, nas águas de abastecimento, levou a uma possibilidade de prevenção à cárie a toda a população brasileira, independente da condição social. Apesar de todos os benefícios oriundos da exposição ao flúor, precisamos ficar atentos quanto à exposição EXCESSIVA.
Apesar de os primeiros dentes só começarem a aparecer quando o bebê atinge os seis meses, eles já estão lá, dentro da gengiva do neném. O processo de mineralização dos dentes começa por volta dos três ou quatro meses da gravidez e é a base para a formação das estruturas dentárias. Na 30ª semana os dentes decíduos já estão formados, em geral vão erupcionar por volta dos seis meses. Em alguns casos, com até quatro meses, começam a aparecer os primeiros dentinhos. Nesse momento, quando os dentes decíduos começam a erupcionar, os dentes permanentes estão sendo formados dentro da gengiva da criança.
Na primeira infância, quando os dentes permanentes estão em calcificação e os decíduos já estão irrompidos, não é recomendado a utilização de produtos para bochechos contendo flúor ou pastas de dente com flúor. A criança na primeira infância não tem habilidade para cuspir, e com certeza a possiblidade da ingestão do flúor é possível.
A gravidade da fluorose dentária depende da quantidade de flúor a que a pessoa foi exposta durante o desenvolvimento dentário. A condição pode afetar apenas alguns dentes ou todos eles, e os sintomas podem variar em intensidade. A fluorose dentária é uma condição estética e não afeta a saúde geral dos dentes (nos casos mais leves) ou do organismo. Dependendo da gravidade pode trazer prejuízo emocional.
Em resumo: Para prevenir a fluorose dentária, é importante que se evite a ingestão excessiva de flúor. Portanto não é recomendável que crianças com dentição decídua ou com dentição mista (dentes decíduos e permanentes) se utilizem de cremes dentais de adultos, ou façam bochechos com solução contendo flúor.
Para saber mais sobre fluorose dentária acesse: https://cliniartico.pt/o-que-e-fluorose-dentaria/
Sobre:
Leila Bucci (CRO/RJ 16471) é membro da Igreja Batista do Recreio, Cirurgiã-Dentista formada pela UFF - Universidade Federal Fluminense e Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UGF - Universidade Gama Filho. Ela é Mestre e Doutora em Engenharia Metalúrgica e de Materiais (biomateriais) pela COPPE/UFRJ - Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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